Allan Kardec

Allan Kardec

sábado, 4 de abril de 2015

Lecionando Humildade


        Eram os dias derradeiros Dele, sobre a face da Terra. E Ele o sabia.

        Anunciado Seu nascimento por mensageiros celestes, aguardado pelos séculos afora, Ele afinal chegou.

        Viveu com os homens por pouco mais de três décadas. Iniciou o Seu messianato numa festa de alegrias, em Caná, comemorando as bodas de um parente de Sua mãe.

        E, na noite daquela quinta-feira Ele encerra o Seu messianato, na Terra, comemorando a páscoa judaica, conforme a tradição de Israel.

        Após a ceia, Ele despe a túnica, coloca uma toalha sobre os rins, toma de um jarro com água, uma bacia e inicia a lavar os pés dos apóstolos.

        Surpreendem-se eles. Aquela é uma tarefa exclusiva dos escravos.

        Nenhum patriarca em Israel, nenhum pai de família israelita a realizava.

        Recebia-se o convidado à porta com um beijo de boas-vindas.

        De imediato, um escravo desatava as sandálias do nobre conviva e lhe lavava os pés, diminuindo o desconforto gerado pelo uso das sandálias abertas, naquelas terras poeirentas.

        Pedro procura se esquivar. O Mestre é muito especial para Se humilhar tanto!

        Contudo, como Jesus lhe diz que se ele não se permitir lavar os pés,  não terá parte com Ele, em Seu Reino, Pedro aceita o gesto.

        Concluída a tarefa, o Excelente Professor da Humanidade toma assento novamente entre os que privam da ceia, e aduz:

        Compreendeis o que vos fiz?

        Vós chamai-me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou.

        Se Eu, pois, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, deveis lavar-vos os pés uns aos outros.

        Porque Eu dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, assim façais vós também.

        Quanta grandeza no enunciado!

        Primeiro, Ele ensina que nenhum de nós deve se esquivar ao autoconhecimento.

        Autoconhecer-se é imprescindível para se alcançar a felicidade.

        Desta forma, Jesus enfatiza que Ele é Mestre e Senhor. Diz-nos, assim, que cada um de nós deve ter consciência das virtudes adquiridas.

        Cada qual deve saber o que já conquistou, o seu valor.

        Nada de equivocado, portanto, que, numa auto-avaliação, nos qualifiquemos como quem já detém uma ou outra virtude, embora não em sua totalidade.

        Jesus nos exemplifica.

        A segunda lição é a de que, por maiores sejamos, por nossa condição intelecto-moral, por cargos que ocupemos, por responsabilidades que tenhamos, de forma alguma nos devemos aclimatar ao orgulho.

        Afinal, que são alguns anos sobre a Terra face à eternidade que nos aguarda?

        Além do que, de que nos vamos orgulhar? De uma determinada conquista, de um posto hierarquicamente superior, da avantajada intelectualidade?

        Que representa isso, face ao Universo e a eternidade?

        Somos habitantes de um minúsculo planeta em um sistema planetário que tem a sustentá-lo um sol de quinta grandeza!

        Pensemos nisso, recordando o ensino crístico e sejamos mais humildes, aprendendo a servir e servir sempre.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, a partir dos versículos 12 a 15 do cap. XIII do Evangelho de João.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep.
Em 19.05.2008.

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

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